Irmãos apostam na vitivinicultura em Santo Augusto

Residentes no interior de Santo Augusto, a família Mafalda cultiva mais de 900 videiras e aposta na produção de vinhos, vinagre e na venda in natura da fruta

No interior de Santo Augusto, o cultivo de uvas ganha destaque nesta época do ano como uma atividade que vai além da produção de grãos. Entre os parreirais, o aroma adocicado das uvas maduras, atrai as poucas abelhas existentes na região, anunciando que a vindima estava próxima, garantindo um verdadeiro espetáculo de cores e sabores únicos. Na família Mafalda, residentes na comunidade de Passo da Laje, interior do município, a safra deste ano não foi das melhores, mas ainda assim de resultado frondoso.
O parreiral de quase 20 anos, começou a ser cultivado como uma opção de renda para além da produção de grãos, principal carro-chefe da economia local. “Para o pequeno produtor vale mais a pena. Meio hectare de uva equivale a 18 hectares de grãos. O lucro é maior e o custo de produção, menor”, esclarecem os irmãos Elemar e Delmar, que juntos de Airton, dão continuidade as atividades após o falecimento do pai.
Com 901 pés das variedades Niágara, Rosê, branca e Bordô, a família tem na produção de vinho sua principal atividade. Em 2023, uma safra excepcional resultou em mais de 4 mil litros da bebida. No entanto, o cenário mudou drasticamente em 2024, quando chuvas excessivas comprometeram a colheita, reduzindo a produção para pouco mais de 1 mil litros – uma queda de aproximadamente 70%. Além do clima desfavorável, os irmãos apontam que o uso de defensivos agrícolas em lavouras vizinhas pode ter impactado a produção. “Acreditamos que a pulverização de veneno nas plantações ao redor do parreiral tenha prejudicado nossa colheita. Em áreas protegidas por quebra-vento, a produtividade foi melhor”, explicam.
Apesar dos desafios, a família segue investindo na vinicultura. A capacidade de armazenamento do vinho chega a 10 mil litros, e um dos grandes diferenciais da produção é a doçura das uvas cultivadas na região. “Nosso clima tem mais sol do que na Serra, o que torna a uva mais doce e confere um sabor especial ao vinho”, destacam. Na propriedade ainda são produzidas chimias, doces, graspas, entre outros.
Para expandir ainda mais as atividades na propriedade, os Mafalda planejam retomar o cultivo de cana-de-açúcar, com a intenção de instalar um alambique familiar e produzir melado a partir de 2026.
Outro diferencial da produção é o cultivo essencialmente orgânico. Segundo os irmãos, o único tratamento aplicado no parreiral é para evitar a proliferação de fungos, garantindo que os grãos sejam livres de conservantes e outros produtos químicos. “Não utilizamos nenhum tipo de conservante, o que torna o nosso produto diferenciado dos existentes no mercado”, garantem.

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