“Essa conta vai chegar para todos”
Movimento SOS Agro RS convoca dia de luto pelas dificuldades enfrentadas pelos agricultores
Há dias mobilizados em busca da renegociação de suas dívidas, produtores rurais seguem insatisfeitos com as recentes modificações anunciadas pelo governo federal. Na região, entre a última segunda e terça-feira, 12 e 13 de agosto, em torno de 60 produtores se concentraram na altura do quilômetro 43, da ERS 155, na divisa entre Santo Augusto e Nova Ramada a fim de demonstrar a sua indignação com a atual situação e reivindicar o parcelamento de dívidas.
De acordo com informações do Sindicato dos trabalhadores Rurais de Santo Augusto, todas as operações que venceriam ontem, quinta-feira, 15 de agosto, estão prorrogadas até o dia 16 de setembro. “Nesse período deverá ser homologado pelo Conselho Municipal de Agropecuária o desconto de 20% a 30% nos custeios de investimento e custeio pecuário, sendo que para o custeio de lavoura não haverá desconto e somente a prorrogação até o dia 16 ou por 4 anos para quem precisar”, explicaram. Ainda segundo eles, para se enquadrar nestes critérios, é necessário o decreto de emergência ou calamidade pública.
O movimento SOS Agro RS está articulando um dia de luto pelas dificuldades enfrentadas pela agropecuária gaúcha em razão do endividamento. “Por uma hora, na sexta-feira, o comércio de todo o Rio Grande do Sul vai fechar”, disse a produtora rural Graziele de Camargo, depois de participar de audiência na Câmara dos Deputados e participar de reunião com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, na terça-feira, e no Ministério da Fazenda, em Brasília. Enquanto a solução política para o endividamento ainda suscita dúvidas e descontentamento, os produtores rurais continuam mobilizados em dezenas de municípios gaúchos, com a orientação de deslocar tratores e outras máquinas para a área urbana das cidades.
Até o fechamento desta edição, não havia informação de que o fechamento do comércio local aconteceria em Santo Augusto ou em qualquer outro município da região. O representante dos produtores na região, Milton Wengrat Júnior, alerta que, pelo fato de toda a região ter a sua economia pautada principalmente na agricultura, a conta chegará para todos, não somente para os agricultores. “Mesmo que a gente tenha uma safra boa pelos próximos dois anos (diferente do que está sendo anunciado pelas previsões climáticas), esse dinheiro irá para os bancos para pagarmos nossas dívidas, não vai ficar girando no comércio. Precisamos conseguir esse parcelamento, para que possamos honrar com nossos compromissos e também gastando nos comércios das nossas cidades”, justifica. “Se não conseguirmos, essa conta vai chegar para todos, para os supermercados, para os pequenos produtores, para todo o Estado”, complementa.
Ainda segundo ele, as recentes decisões anunciadas pelo governo são insuficientes para estancar o problema. “Não ajudaram em nada. O governo está nos levando em banho-maria, sem apresentar resultado”, avaliou. “Nós paramos o movimento, porque temos serviços em nossas propriedades que precisam ser feitos. Não temos como ficar na beira do asfalto para sempre, estávamos ali reivindicando um direito nosso. Mas se for preciso, voltaremos e seguiremos na luta”, explica. “Precisamos do apoio de toda a comunidade, dos meios de comunicação, do comércio, dos poderes públicos, isso deveria ser uma causa de todos”, finaliza.