O doce aroma exalado pelos parreirais dão o sinal: a uva está pronta para a colheita. Anualmente, o cultivo, importado para o Brasil com a vinda dos imigrantes italianos, inicia durante o verão e reúne famílias para a vindima. A prática é uma tradição da família Vicentini, moradora da localidade de Santo Antônio, interior de Santo Augusto. O ofício aprendido com o avô de Olino Vicentini, ainda é seguido à risca, dando origem a uma vasta gama de derivados do fruto.
A vitalidade de Olino Vicentini chama a atenção, ele que aos 87 anos, ainda conduz a propriedade como ninguém. Ao lado da neta (filha de criação), cuidam da vasta diversidade das culturas implantadas na propriedade. Em cerca de meio hectare, a dedicação é total aos parreirais, que dão origem a venda do fruto in natura, vinho, geleia, suco e vinagre.
Na propriedade são cultivadas duas variedades, a Niágara branca e a Francesa. “A uva Francesa é mais rústica, própria para o consumo de mesa e para a produção de sucos. Já a Niágara, é uma uva mais frágil, que requer mais tratamentos, além de ser sensível ao clima, é ideal para a produção de vinhos”, concluiu a produtora.
Segundo eles, no cultivo da uva, o fator climático é o maior desafio. “Nos últimos anos, o clima está muito diferente. O sol está muito quente, vem judiando das parreiras. Eles precisam fazer um esforço maior para produzir o fruto e acabam se prejudicando”, constatou Vanessa.
Mesmo com todas as adversidades, a família ainda pretende aumentar a produção. “Queremos aumentar a produção de uva Francesa e também testar uma nova variedade, a uva Isabel”, adiantou Vanessa.
O COMEÇO
Um ofício que passou de geração em geração. O cultivo de uvas pela família Vicentini carrega os traços do período de imigração dos Italianos para o Brasil, processo que hoje reúne toda a família.
As primeiras parreiras cultivadas pelo seu Olino foram adquiridas em um viveiro em Ijuí. Na época eles chegaram a ter 4 mil pés de parreira. Eram produzidos cerca de 8 mil litros de vinho. “Eu me criei vendo o meu pai fazendo vinho. Então continuei fazendo”, recordou ele.
Ao passo em que cultivava outras culturas, tais como a soja e outras frutas, o cuidado com o parreiral sempre era priorizado, o que também era equilibrado com os diversos ofícios adotados pelo santo-augustense. “Sou da época em que colhíamos soja de foice. Depois que veio a mecanização das lavouras, ficou fácil e passamos a ter muito tempo livre. Eu não podia ficar sem fazer nada. Então, além de agricultor, eu era mecânico, caminhoneiro, marceneiro”, comentou Olino. Hoje, ele exibe com orgulho a produção de vinho da família. “É de qualidade”, garante ele.