Professora de Santo Augusto comenta tema da redação do Enem 2025

Professora Daiane Siveris destaca mudança de foco e importância do repertório sociocultural para boa argumentação

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 propôs aos candidatos uma reflexão sobre “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira” — um tema atual e abrangente, que provocou análises positivas entre educadores.
Para Daiane Siveris, professora de Português das redes Estadual e Municipal de Santo Augusto, além de Doutora em Letras pela UFRGS, a proposta trouxe uma mudança significativa de abordagem em relação aos anos anteriores.

“A primeira impressão que tive ao ler o tema foi pensar: ‘Nossa! Que tema amplo e nada difícil de escrever’. No entanto, era necessária muita atenção, pois nos últimos anos o tema já trazia a problematização, solicitando escrever sobre ‘desafios’. Este ano, a palavra ‘perspectivas’ muda completamente o foco”, explica a professora.

Segundo ela, enquanto o termo “desafios” conduzia o candidato a explorar problemas e limitações, o conceito de “perspectivas” exige um olhar mais analítico e propositivo. “Era preciso pensar nas possibilidades que o envelhecimento traz, seja em relação à superação, ao mercado de trabalho, à saúde ou ao papel social do idoso na atual conjuntura. A proposta exigia maturidade intelectual e capacidade de estabelecer conexões com a realidade contemporânea”, complementa Daiane.

A docente aponta que a mudança de foco pode ter surpreendido parte dos participantes, mas reforça que o preparo contínuo em sala de aula ajuda os estudantes a lidar com diferentes recortes temáticos. “Quando se trabalha argumentação com os alunos, sempre se abordam desafios, conquistas, limitações e soluções. O candidato que conseguiu estabelecer relações comparativas entre passado e presente, ou entre grupos sociais distintos — por exemplo, o envelhecimento do branco e do negro, do mais e do menos abastado — certamente terá um bom desempenho nas competências 2 e 3 da correção”, observa.

Entre as possibilidades de repertório, Daiane destaca que autores da literatura do século XIX poderiam ter sido usados como contraponto, mostrando a evolução da expectativa de vida ao longo da história. Ela também cita a presença da atriz Fernanda Montenegro nos textos motivadores como referência cultural que poderia ser explorada de forma indireta na redação.

Para a professora, o tema é de extrema relevância social e reflete debates atuais sobre longevidade, previdência e inclusão do idoso na vida ativa. “Cada vez mais vemos notícias sobre o aumento da longevidade e as transformações que isso causa na sociedade. Com o avanço da Inteligência Artificial, surgem novas formas de trabalho e também questionamentos sobre o papel do ser humano diante dessas mudanças. Muitos idosos estão voltando ao mercado de trabalho, outros estão ingressando em universidades ou se dedicando a atividades que antes não podiam realizar. Tudo isso representa novas perspectivas de envelhecimento”, destaca.

Daiane ainda deixa um conselho aos futuros candidatos. “A cada novo tema, é essencial pesquisar, organizar repertórios e estabelecer relações com Literatura, História e Sociologia. As redações mais bem avaliadas são aquelas que conectam diferentes áreas do conhecimento e demonstram uma visão crítica da sociedade”, finaliza.

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