Produtores iniciam o plantio da soja na região

O plantio da soja começou oficialmente em diversas propriedades da região. Enquanto alguns produtores iniciaram os trabalhos há alguns dias, outros deram início nesta semana, e há ainda aqueles que aguardam a conclusão da colheita do trigo para começar a semeadura. Apesar das variações no ritmo do plantio, a expectativa é positiva para a safra, ainda que o clima esteja gerando certa apreensão no campo.
Em condições normais, o Rio Grande do Sul figura entre os três maiores Estados produtores de soja do Brasil, ao lado de Mato Grosso e Paraná. Para a safra 2025/2026, a Emater/RS-Ascar projeta o cultivo de 6,74 milhões de hectares, com produtividade média estimada em 3.180 quilos por hectare.
Conforme o último informativo conjuntural divulgado pela Emater/Ascar no dia 6 de novembro, o avanço do plantio ocorre de forma desigual no Estado. A irregularidade das chuvas e o prolongamento das culturas de inverno, como o trigo, têm causado variação na umidade do solo, o que impacta diretamente o ritmo da semeadura. Até o momento, 14% da área prevista já foi semeada, com os maiores avanços registrados em regiões que receberam precipitações mais regulares, favorecendo a germinação e emergência das plantas.
Nas áreas onde o solo apresenta menor umidade, os técnicos observam falhas na emergência e desuniformidade nas lavouras, fatores que podem comprometer o potencial produtivo. Além disso, a falta de chuvas regulares tem dificultado o preparo do solo e a aplicação de herbicidas, especialmente os sistêmicos, devido ao estresse das plantas daninhas.
Na região de Ijuí, a semeadura apresenta ritmo inferior ao do ano passado, abrangendo menos de 15% da área estimada. Em Ibirubá, o plantio já chega a 25%, impulsionado pela capacidade operacional e pelo tamanho menor das propriedades. Já em Cruz Alta, o percentual não ultrapassa 10%. Cerca de 80% das lavouras estão em fase de embebição e germinação, enquanto 20% estão em emergência, com bom vigor e formação adequada dos primeiros trifólios.
Em Santo Augusto, segundo dados da Emater atualizados até a última segunda-feira, aproximadamente 20% da área destinada à soja já foi semeada, o que representa cerca de 6.800 hectares. O índice é considerado dentro do esperado para o período, especialmente diante das variações climáticas observadas nos últimos dias.
De acordo com o engenheiro agrônomo Dhonathã Rigo, da Emater de Santo Augusto, o cenário é animador para os produtores locais. “A expectativa é muito boa do clima. Então, tem uma expectativa positiva em relação à produtividade. Tem a expectativa de produção maior do que foi a safra do ano passado”, destacou.
Rigo também reforça que as baixas temperaturas registradas não representam prejuízo à cultura.

“O frio não atrapalha nada. Está previsto dentro dessa estação. O zoneamento da cultura vai até 31 de janeiro do ano que vem, então tem bastante tempo para se plantar. Inclusive, há um conjunto de agricultores que estão esperando plantar mais próximo do dia 20, final de novembro, porque há expectativa de uma pequena seca em janeiro, período que coincide com o florescimento da soja”, explicou o técnico.

Ainda segundo a Emater, há probabilidade de ocorrência de um fenômeno La Niña fraco durante o desenvolvimento das lavouras, o que pode impactar o comportamento das chuvas no Estado. O fenômeno tende a provocar redução na umidade em algumas regiões do Rio Grande do Sul, exigindo atenção redobrada dos produtores no manejo hídrico e nas práticas de conservação do solo.
Os preços da soja, segundo levantamento semanal da Emater/RS-Ascar, apresentaram leve variação nas últimas semanas, passando de R$ 125,22 para R$ 126,03, e nesta semana recuando para R$ 124,04.
A equipe do jornal O Celeiro acompanhou o início do plantio junto aos colaboradores da Sinuelo Agrícola, que destacaram boas expectativas para a safra, mas também preocupação com as condições climáticas.

“O frio e o sereno da noite têm deixado o solo muito úmido, o que dificulta o plantio e o desenvolvimento inicial das sementes”, relatou um dos produtores. “Mesmo assim, seguimos otimistas com a safra”, complementou.

A previsão do tempo aponta possibilidade de chuvas no fim de semana, o que pode dificultar tanto o avanço da semeadura quanto a conclusão da colheita do trigo, ainda em andamento em várias localidades. A alternância entre períodos chuvosos e temperaturas amenas desde setembro tem prolongado as fases vegetativas e de formação de grãos do trigo, retardando a maturação e, consequentemente, o início do plantio da soja em algumas áreas.
Apesar dos desafios, o sentimento predominante entre os produtores é de otimismo cauteloso. Com a chegada das chuvas esperadas e o clima se estabilizando, a expectativa é de que os trabalhos se intensifiquem nas próximas semanas, garantindo o avanço do plantio dentro do período ideal, que costuma se estender até meados de dezembro.

Leave a comment
error: O conteúdo protegido !!! Este conteúdo e de exclusividade do Jornal O Celeiro.