O afeto sobre rodas – A história da tia Nega

Conhecida como tia Nega, a motorista de transporte escolar acompanha a evolução escolar de muitos em Santo Augusto

Do volante da sua van escolar, Claudete da Silva, carinhosamente conhecida como Tia Nega acompanha os primeiros passos na vida escolar de muitos alunos em Santo Augusto. Ao longo dos mais de 20 anos de estrada, Nega dedica os seus dias a conduzir crianças e adolescentes às mais variadas instituições de ensino da Cidade Pérola.
A história da motorista iniciou em 2002. Vinda da Bahia com o marido, o Tio Paulo — também motorista —, ela conta que trabalhava como cozinheira em fazendas, enquanto ele dirigia. A mudança para o Rio Grande do Sul trouxe novos caminhos. A irmã dela, amiga da dona de uma Kombi de transporte escolar que estava à venda, apresentou a oportunidade.
“Naquela época, só havia um transporte particular por aqui”, relembra. Nos primeiros anos, Nega atuava como monitora na van do esposo. Mas em 2006, impulsionada pelo amor às crianças e pela convivência diária, decidiu tirar a carteira de habilitação para também assumir o volante. “Eu gostava de trabalhar com os pequenos. Foi isso que me motivou”, conta.
Hoje, já são mais de duas décadas conduzindo vidas, acompanhando gerações que se renovam. Crianças que ela levou na Vovó Amália hoje têm seus próprios filhos — e voltam a entrar na van, agora como pais. A rotina, apesar dos desafios, é marcada pelo carinho. “A relação com os alunos é muito amigável, divertida. Mas, ao mesmo tempo, carrega muita responsabilidade com a segurança. Nunca deixo isso de lado”, garante.
Nega recorda com carinho do dia em que foi surpreendida por um antigo aluno em outra cidade. “Ele me reconheceu de longe, me chamou de ‘Tia Nega da Van’, com tanto carinho. São momentos que marcam o coração pra sempre”, disse.
Entre os percalços do dia a dia, a motorista cita o desafio de manter os horários, principalmente em dias de chuva e trânsito intenso. Uma situação delicada foi quando se envolveu em um pequeno acidente com os alunos a bordo. “Mantive a calma, levei todos para a escola em segurança. Depois, resolvi tudo com tranquilidade”, relembra. Também recorda uma blitz policial feita em frente a uma escola anos atrás, experiência que a deixou desconfortável, mas que enfrentou com a serenidade que a profissão exige.

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