Meliponário e Apiário Dapper, referência de gerações na produção de mel

Quatro gerações de uma família que transformaram o mel em legado, educação e conexão com a natureza no interior de Três Passos

A prática centenária da apicultura contempla gerações e transforma o néctar das flores em um dos produtos de maior valor medicinal já conhecido, o mel. A origem da doce atividade remonta a 1839, quando o padre Antônio Carneiro trouxe as primeiras colônias da espécie Apis mellifera de Portugal para o Rio de Janeiro. Contudo, foi apenas nas décadas de 1970 em diante que o manejo ganhou técnicas modernas e se expandiu pelo país. O conhecimento transformado em legado permeia o dia-a-dia da família Dapper, moradora da comunidade Santo Antônio, interior de Três Passos, que há mais de 60 anos dedica-se à atividade.
A história do Meliponário e Apiário Dapper teve como precursor Armindo Dapper, que despertou no filho Rualdo o mesmo fascínio pelas abelhas. Depois, a continuidade aconteceu com o neto Claudir, que hoje cuida do legado com esmero. A chama já brilha também nos olhos curiosos do bisneto Arthur, de apenas 8 anos, que com orgulho zela pelas próprias colmeias da espécie mirim-guaçu — uma das mais dóceis entre as abelhas sem ferrão.
Atualmente a propriedade possui 250 colmeias de abelhas sem ferrão, distribuídas entre 16 espécies diferentes, além de outras 150 colmeias de abelhas com ferrão (Apis mellifera). Entre os destaques da produção está o mel da abelha Jataí, um dos primeiros com certificação do Estado, além do extrato de própolis, cada vez mais valorizado por suas propriedades medicinais, entre outras iniciativas.
A propriedade familiar, passou a trilhar novos caminhos após um momento de dificuldade. Durante a pandemia, Claudir enfrentou um quadro grave de Covid-19. Foi nesse período de provação que encontrou um novo propósito: abrir as portas do meliponário para a educação ambiental, recebendo gratuitamente escolas, universidades e projetos sociais. “Após a enfermidade, resolvi abrir as portas do Meliponário e Apiário Dapper e disseminar o nosso conhecimento. Queremos que mais crianças, como o Arthur, cresçam aprendendo a cuidar da natureza e das abelhas. Esse é o nosso legado”, afirma.
Essa nova missão se fortaleceu com a inclusão da agroindústria no Serviço de Inspeção Municipal em outubro de 2023, o que permitiu que a produção ganhasse ainda mais visibilidade e segurança. Mais recentemente, em julho deste ano, a agroindústria conquistou a adesão ao Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar (SUSAF-RS), permitindo que o mel produzido no interior de Três Passos possa ser comercializado em todo o Rio Grande do Sul.
De acordo com informações, em 2024, a empresa produziu cerca de 7 mil quilos de mel, número um pouco abaixo da média habitual – reflexo das instabilidades climáticas que afetam as floradas e, consequentemente, o trabalho das abelhas. Claudir explica que uma das prioridades da agroindústria é quanto a qualidade do produto que chega à mesa dos consumidores. “A nossa produção passa por nove verificações antes de ser enviada ao consumidor”, garante.
Entretanto, para além da prática aprendida com seus antepassados, Claudir também salienta o cuidado tido pela família com as caixas que abrigam as abelhas, estas feitas de forma artesanal pelos próprios apicultores. “Cada caixa é produzida por nós, seguindo a risca uma metragem para que possamos deixar as nossas abelhas confortáveis”, explica.
Além das vendas no comércio local, o Meliponário e Apiário Dapper marca presença em importantes feiras e eventos do setor, como a Expointer, a Expoagro Cotricampo e a Feicap, levando consigo não apenas produtos, mas a história viva de uma família comprometida com a sustentabilidade e com o futuro das próximas gerações.

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