Das raízes que alimentam – A história da família Varini

Na propriedade da família Varini, a citricultura tornou-se uma alternativa de renda, para além do cultivo de grãos

A simplicidade do campo e a grandeza de quem escolheu tirar o seu sustento da terra, reinventando o cultivo a partir da própria realidade – a definição de colonos, precursores dos tempos de outrora, que disseminaram o seu conhecimento em prol da evolução humana. No interior de Santo Augusto, na localidade da Costa do Turvo, a família Varini aposta no cultivo da citricultura, como forma de complemento à renda para além do cultivo de grãos.
A trajetória da família na citricultura começou em 2008, com incentivo da Emater local. A decisão surgiu da necessidade. “Temos uma pequena propriedade e percebemos que não era possível viver apenas com a renda da soja, milho e trigo. Foi quando optamos pela produção de citros”, recorda Valmir Varini.
O primeiro pomar levou cerca de 3 anos para começar a dar os primeiros frutos, porém, a implantação estava longe de ser o maior desafio. “Tivemos dificuldade em fazer a comercialização das frutas. Não tínhamos muita experiência. Porém, com o passar dos anos, a comunidade foi conhecendo o nosso produto e conseguimos superar”, comentou. “Hoje temos uma boa clientela. As pessoas passaram a valorizar a qualidade das frutas que oferecemos”, complementou
Com o apoio técnico da Emater, à época representada pelo extensionista Romeu Rohde, foram escolhidas variedades específicas que se adaptam bem à região. A propriedade cultiva laranja anvelina, uma fruta de umbigo que começa a amadurecer em maio; bergamota ortanique, produzida a partir de julho; e laranja midnight, voltada para o suco, colhida também no segundo semestre. Todas as frutas são sem sementes, uma característica muito apreciada pelos consumidores.
As primeiras mudas vieram da antiga Fundaturvo, em parceria com o Instituto Federal Farroupilha. O plantio foi feito com esforço familiar e segue exigindo cuidados constantes, tais como adubação periódica, controle de plantas invasoras, manejo para evitar doenças. “Manter o pomar saudável é um desafio diário, ainda mais agora que estamos buscando a certificação de produção orgânica”, explica o agricultor. A ideia de produzir frutas orgânicas surgiu em diálogo com os técnicos da Emater, e representa uma etapa importante na consolidação do trabalho iniciado há mais de 15 anos. Trata-se de um processo exigente, que exige vigilância constante e manejo criterioso, mas que fortalece ainda mais o compromisso com uma agricultura limpa, segura e respeitosa com o meio ambiente.
Grande parte da produção é vendida dentro do próprio município. Uma porção significativa das frutas vai diretamente para a merenda escolar, integrando a alimentação de crianças e adolescentes. A venda em supermercados ainda é restrita. Os desafios logísticos e a concorrência com frutas vindas de outras regiões — muitas vezes com preços menores — tornam a comercialização mais complexa. “Os supermercados preferem o que vem de fora, mesmo quando temos um produto de qualidade aqui, ao lado”, lamenta Valmir.
Outro obstáculo enfrentado é a falta de assistência técnica especializada na área da citricultura. O suporte oferecido pela Emater é essencial, mas ainda insuficiente diante das demandas específicas da cultura. Mesmo assim, a família segue firme, aprendendo no dia a dia, aprimorando os cuidados e expandindo o conhecimento com base na observação da terra.

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