DA TERRA AO CÉU | Por Paulo Gigante

Coluna Café Para Louco

Nos primeiros anos após a ressurreição de Cristo os primeiros cristãos provaram na carne o fel primitivo de seu sacrifício. A fé no redentor era então proibida e quem ousasse negar o imperador tinha sua vida abreviada. No entanto, passou-se o tempo e a luz de Jesus foi ao poucos se espalhando pela terra. Não houve como conter o que já se via como certo. O sol da verdade resplandeceu nos campos romanos e o cristianismo foi expandindo suas raízes pela Europa antiga.
Bastou um pouco mais de 300 anos para que o império romano se rendesse ao que viria mais tarde se tornar na religião oficial de Roma. Foi com Teodósio em 380 DC no Edito de Tessalônica que Roma adotou o amor como via de mão única para seu povo. Contudo, era ainda evidente a resistência de boa parte de sua população assim como a descrença das elites econômicas e das classes mais intelectualizadas. Os poderosos sempre temeram na filosofia cristã a perda de suas vantagens terrenas.
Após 2000 mil anos o que se percebe é que o homem ainda está distante de entender a finalidade de Jesus Cristo. Pode-se considerar que as mesmas elites ainda se contorcem ao identificar nas teses do nazareno os erros que ainda cometem. Os abusos de poder, as discriminações sociais, as aparentes vantagens de um conforto temporário que sustenta o estilo de vida egoísta fazem do homem um eterno infeliz. O homem ainda não está pronto para ser feliz e ter a paz que tanto sonha.
Então os filósofos buscaram formas de divisão das posses, estilos de governo comunistas, socialismos utópicos, ditaduras populistas e outros vieses que no fim sempre tenderam ao materialismo como finalidade humana. Guerras ainda se resumem ao poder da posse. Entende o homem que sua felicidade está essencialmente ligada aos bens materiais e que sua vida se resume aos poucos anos de vida na Terra.
Por outro lado, segundo algumas crenças não menos importantes mas que fazem de Deus um ser humano, somos levados a crer que morreremos a qualquer momento e que devemos aproveitar a cada segundo as paixões viscerais da carne. Logo, o homem se torna ainda mais egoísta, imediatista e materialista, pois acredita ele que seu tempo está acabando e que é melhor correr, acumular fortuna e gozar hoje mesmo, pois o dia de amanhã ninguém sabe. Peca sem compromisso com o futuro.
O homem quer a felicidade e a paz agora. Contudo, mal sabe o homem o que significa ser feliz. Não possui ainda o entendimento do que é a paz. Adoece da mente buscando algo que desconhece. Acredita ele que alcançará seus sonhos de felicidade ainda nesta existência e por isso falha na construção do futuro. Não compreende que essa pressa em ter posses é geradora das guerras e das batalhas internas que o homem trava pelo poder. Venderam-lhe a ilusão do material como prêmio de consolação.
E se analisarmos a vida pelo prisma espírita que propõe a eternidade do espírito? Se entendermos que somos ainda os mesmos seres que habitavam a Terra em seus primórdios, agora mais evoluídos, com outra roupagem, numa nova existência? Que a cada encarnação temos uma nova chance de corrigirmos nossos vícios morais, plantarmos o futuro e de nos aproximamos daquilo que Cristo veio nos dizer no sermão do monte?
Mudam completamente as regras do jogo. Se não há morte e se a vida que estamos tendo atualmente não se resume no caixão de madeira devemos intuir que não há vantagem alguma em acumular posses, já que nem o corpo nos pertence de fato. Tudo o que existe é do criador, inclusive nós, suas criaturas. No entanto, homem quer o céu mas não admite livrar-se da terra e essa é a grande causa da infelicidade humana.

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