O Natal no Rio Grande do Sul carrega tradições que atravessam gerações e mantêm vivas as memórias familiares. Entre elas, está o costume da produção caseira das tradicionais bolachas pintadas, geralmente feitas por avós, mães e vizinhas, que ganham ainda mais significado com a proximidade das festas de fim de ano.
A tradição é antiga e remonta à Idade Média, na Escandinávia, sendo trazida ao Brasil pelos imigrantes alemães, que ajudaram a construir a identidade cultural do Sul do país.
No Rio Grande do Sul, esse hábito permanece fortemente presente, especialmente no período natalino. As receitas variam de família para família, mas mantêm a mesma base simples — leite, farinha e ovos. Os pequenos quitutes ganham formatos tradicionais como estrelas, pinheirinhos de Natal e Papai Noel, sendo decorados com um merengue especial, açúcar colorido e confeitos.
Em Santo Augusto, essa tradição é mantida com carinho por Josy Levandowski, proprietária da Caseiritas, que carrega na memória a herança deixada pelas avós. “A tradição de fazer bolachas veio das minhas avós materna e paterna. Lembro de chegar na casa delas e elas trazerem uma bacia gigante cheia de bolachas feitas para toda a família. Eu adorava”, recorda.
Josy conta que, ainda criança, participava da pintura e da decoração das bolachas, momentos que marcaram sua infância. “Eu achava aquilo o máximo. Eram risadas, brincadeiras e muita união. Isso nunca parou, todos os anos era feito”, relata.
Ao se casar, ela fez questão de manter o costume. “Desde o primeiro ano, quis fazer em casa, porque para mim não existia Natal sem bolacha pintada. Já fazia parte das festas”, afirma. A tradição ganhou ainda mais força com o nascimento da filha. “Queria passar isso para ela também. Desde que tinha alguns meses, ela já participava da produção”, conta.
Foi justamente esse vínculo afetivo que deu origem à Caseiritas. Em 2023, ao levar bolachas para a mãe, ouviu o incentivo que mudaria o rumo da tradição familiar.
“Minha mãe disse que eram tão boas que eu precisava vender. Eu pensei: por que não? Começamos e foi um sucesso”, conta.
Para Josy, fazer bolachas pintadas vai muito além de manter um costume natalino. “É algo que me leva de volta à infância. Lembro dos momentos em família, das brincadeiras com minhas avós, das risadas. Mesmo quando elas não estiverem mais aqui — uma já faleceu — sinto que uma parte delas e de tudo o que vivemos estará sempre comigo”, diz. Ela acredita que cultivar tradições como essa faz parte do verdadeiro espírito do Natal. “É estar em família, rir, brincar, se divertir e criar memórias. Assim como as minhas avós, quero que minha filha também tenha lembranças que carregue para a vida inteira”, garante.
