O amor inabalável de uma mãe
Filha de Ana Rúbia e Anderson Pettenon, a pequena Allana enfrentou um câncer raro aos sete meses de vida. A fé, o apoio da família e o vínculo entre mãe e filha foram o alicerce durante os dias mais difíceis.
Nos primeiros meses de vida, tudo o que um bebê deveria conhecer é o aconchego dos braços da mãe, o ritmo sereno da casa e o cheiro adocicado da infância que começa a desabrochar. Para a pequena Allana Pettenon, esse início foi marcado pelo afeto, pela delicadeza e pelo zelo dos pais Ana Rúbia e Anderson Pettenon. Tudo ia bem, até que pequenos sinais começaram a chamar a atenção, anunciando uma caminhada inesperada, mas que reafirmaria o amor profundo provado pela maternidade.
“Sempre tive um pouco de medo de engravidar”, conta Ana. “Quando decidimos, foi um desafio. Demorei alguns meses até conseguir. Fiz vários testes e todos davam negativo. Quando finalmente vi o positivo, foi uma alegria imensa”, relembra. A gestação transcorreu com tranquilidade, assim como o parto. “Tive uma rede de apoio maravilhosa. Mesmo os pequenos desafios com a amamentação e o pós-parto foram normais”, acrescenta.
A rotina da família começou a mudar quando Allana completou quatro meses. Em algumas fotos, familiares notaram algo diferente nos olhos da bebê. “O olho dela ficava esbranquiçado, tipo olho de gato, na presença do flash. E uma pupila parecia maior que a outra.” A observação levou a uma consulta em Passo Fundo, onde a médica solicitou exames. O diagnóstico veio logo depois, aos sete meses: retinoblastoma, um câncer raro e agressivo nos olhos. “Foi um baque para toda a família. Uma situação que nunca imaginamos passar”, relembra a mãe.
O medo tomou conta da família santo-augustense.
“Desde o início, os médicos foram muito sinceros. Diziam que existia, sim, a possibilidade de perdê-la. Como mãe, ver ela passando por tanta coisa ainda tão pequena e não poder fazer nada, foi desesperador. Eu me sentia impotente”, desabafa.
“Tivemos medo de perdê-la a cada momento – ainda tenho na verdade”, coloca. A força para continuar veio da fé e da rede de apoio. “Foi Deus. A oração das pessoas, o apoio dos meus familiares, que seguraram minha mão o tempo todo… isso me sustentou. Não sei como teria conseguido sozinha”, analisa.
O tratamento iniciado com urgência, consistia em diversas sessões de quimioterapia e de fotocoagulação, estes realizado em Porto Alegre. Mas, deu certo. Com o fim do tratamento, Allana teve parte da visão comprometida no olho afetado, apresentando um pequeno desvio no olhar. A cada três meses, a família segue até a Capital do Estado para acompanhar a evolução do quadro. “O que mais amo nela é a risada, é um som incomparável. A força dela, a leveza, são características que nos dão ainda mais força para lutar e também para enfrentar a situação de frente”, relata a mãe.
A difícil jornada em busca da cura do câncer, transformou a família por completo, em especial a mãe. “Isso me mudou como pessoa, mudou a forma como vejo o mundo e me fez amadurecer muito. Como mãe, só aumentou ainda mais o amor que sinto por ela. Me aproximou ainda mais dela.” Durante o tratamento, Allana ficou muito frágil. “Todo cuidado era pouco. A responsabilidade que tive nas mãos foi imensa”, recorda.
Hoje, ao olhar para trás, Ana se reconhece diferente. Mais forte. Mais mãe.
“Ser mãe é ser aconchego, proteção, amor. É como escrever num caderno em branco. A gente molda aquele serzinho tão pequeno, e de repente vê que eles já estão agindo como nós… e é tão lindo”, finaliza.