Governo do RS lança campanha “Não maquie, denuncie” para enfrentar a violência contra a mulher
O governo do Rio Grande do Sul lançou, nesta quarta-feira (3), a campanha “Não maquie, denuncie”, voltada à prevenção da violência contra a mulher e ao incentivo à denúncia. O anúncio foi feito durante ato no Palácio Piratini, em Porto Alegre, com a presença do governador Eduardo Leite, da secretária estadual da Mulher, Fábia Almeida Richter, além de representantes de entidades, movimentos sociais e organizações da sociedade civil.
Durante o evento, Eduardo Leite destacou que o enfrentamento à violência de gênero deve ir além das políticas estruturais. Segundo o governador, liderar um governo também significa promover mudanças culturais e sociais, combatendo comportamentos que, muitas vezes, são naturalizados. Ele afirmou que a violência não começa no feminicídio, mas em práticas de silenciamento, controle e desvalorização da mulher.
A secretária Fábia Almeida Richter apresentou as diretrizes da nova Secretaria Estadual da Mulher, criada em setembro, e detalhou os eixos de atuação da política pública, que incluem prevenção, proteção e monitoramento. Ela ressaltou que a denúncia só ocorre quando a mulher se sente segura e amparada, o que exige uma rede de atendimento organizada e acessível. De acordo com a secretária, o primeiro passo da pasta foi mapear os serviços existentes para facilitar o acesso das vítimas ao acolhimento.
A campanha também foi apresentada pela diretora de Publicidade e Marketing da Secretaria de Comunicação, Natacha Gastal. Segundo ela, a proposta usa a maquiagem como metáfora para mostrar que a violência, muitas vezes, é invisibilizada. A estratégia busca estimular a sociedade a reconhecer sinais que costumam ser ignorados e a compreender que a violência contra a mulher não é um problema restrito ao ambiente privado.
Natacha destacou ainda que a campanha tem como objetivo romper barreiras culturais que dificultam a denúncia, como a normalização de agressões verbais, piadas e comportamentos que silenciam as vítimas. Para ela, enquanto uma mulher não estiver segura, a sociedade como um todo estará falhando.
A secretária Fábia acrescentou que a mobilização pretende alcançar também públicos historicamente afastados do debate, incluindo homens, famílias, empresários e lideranças comunitárias. Para ela, a segurança das mulheres reflete diretamente a saúde social de uma comunidade.
Segundo dados do Observatório Estadual da Segurança Pública, entre janeiro e outubro deste ano, 69 mulheres foram mortas no Rio Grande do Sul e 220 sofreram tentativas de feminicídio. No mesmo período, cerca de 40 mil mulheres registraram denúncias de algum tipo de violência. Os números apontam que a maioria das agressões ocorre dentro da residência da vítima ou do suspeito, sendo o companheiro o principal agressor.
Diante desse cenário, a campanha busca fortalecer o incentivo à denúncia, ampliar o acolhimento às vítimas e estimular o debate sobre a violência também entre os homens, como forma de prevenir novos casos.
Rede de proteção e ações integradas
A Secretaria Estadual da Mulher coordena a Rede de Proteção da Mulher no Rio Grande do Sul, que reúne diferentes serviços públicos para atendimento integral às vítimas. Entre as iniciativas estão o Centro de Referência da Mulher Vânia Araújo Machado, a Delegacia de Polícia Online da Mulher, o Observatório da Violência Contra a Mulher, a Sala das Margaridas, o Programa de Monitoramento do Agressor, a Patrulha Maria da Penha e a Rede Lilás, que articula serviços de segurança, saúde, educação, assistência social e justiça.
Além disso, o Estado mantém ações voltadas à autonomia econômica, saúde, educação e empreendedorismo feminino, desenvolvidas por diferentes secretarias. Entre os programas estão capacitações para mulheres, apoio ao empreendedorismo, políticas de atenção à saúde feminina, ações na educação básica e medidas de monitoramento de agressores.
Em novembro, a Secretaria da Mulher promoveu o 1º Encontro Estadual de Mulheres, reunindo representantes de quase cem municípios para discutir a realidade e os desafios enfrentados na proteção dos direitos das mulheres no Estado.
