O sétimo episódio do quadro “Mateando com…” traz uma história que transcende a dor e se transforma em esperança. Beatris Gattermann, professora no IFFar compartilha sua trajetória marcada por coragem, fé e amor, mostrando que mesmo diante das maiores tempestades, é possível florescer.
Desde a infância simples no interior, Beatris aprendeu com a mãe e com as mulheres de sua família o verdadeiro significado de resiliência. “Tive exemplos de força e aprendi que, mesmo em meio às dificuldades, é possível encontrar caminhos e subverter aquilo que vivíamos”, relembra. Foi ainda menina, observando da janela a pequena escola rural, que nasceu seu sonho de ser professora — inspirada pelas mulheres que ensinavam com ternura e faziam as crianças acreditarem no poder de sonhar.
A mãe foi e continua sendo sua grande inspiração: “Pelo cuidado, pelo amor, por tudo que passou e fez, ela é inspiração”, conta emocionada. E é desse amor que ela leva lições profundas sobre o valor da família e da infância. “Adultos: cuidem da infância, das experiências que estão proporcionando para as crianças”, alerta Beatris, que carrega consigo tanto as boas quanto as dolorosas vivências como parte da sua história e formação.
Quando pensa em lar, Beatris não se refere apenas a um espaço físico, mas a um sentimento: “Lar, pra mim, é lugar de segurança, afeto e pertencimento. Mas entendo também que meu corpo é meu lar, e precisa de cuidados, de gentileza.”
O momento mais desafiador de sua vida chegou durante a gestação da segunda filha, quando veio o diagnóstico de câncer de mama, após as 30 semanas. “Quando o médico diz: é um câncer, o tempo para. É como um pesadelo”, lembra. O susto, o medo e a incerteza logo deram lugar à ação. Menos de 30 dias após o diagnóstico, Beatris passou pela cirurgia para retirada do nódulo.
A força para seguir veio da fé, da família, dos amigos e, principalmente, das filhas. “A maior força sempre veio de quem estava próximo. A fé, a confiança na ciência e o amor me mantiveram firme.” Mesmo diante das reações adversas da quimioterapia, das longas horas de tratamento e até de uma apendicite no meio do processo, ela jamais pensou em desistir. “Esta opção não existiu pra mim. Mantive meu foco em vencer cada etapa do tratamento e fazer a travessia.”
Com o passar dos meses, Beatris aprendeu a se olhar com mais carinho e a valorizar o essencial: “Entendi que é preciso cuidar da gente como um todo, fortalecer a fé e criar momentos de pausa. A vida passa rápido, e perdemos tempo com o que não importa.”
Hoje, ao falar sobre o que viveu, Beatris transforma dor em propósito e deixa uma mensagem poderosa para quem enfrenta uma luta semelhante:
“Acredite na cura. Entregue sua vida nas mãos de Deus e viva um dia de cada vez. A cura física vem primeiro, mas a emocional leva mais tempo e acolhimento. O câncer pode mudar a aparência, mas não quem você é.”
Beatris encerra nossa conversa com um convite à empatia e à presença:
“O que uma pessoa em tratamento precisa é de rede de apoio, de escuta, de acolhimento. Há vida em cada fase da jornada. E há muita vida além do câncer.”
