Com apenas nove anos, Betina Kiara Lucca dos Santos já escreve seu nome na história do tradicionalismo gaúcho. Natural de Santo Augusto e integrante do CTG Pompílio Silva, ela conquistou o título de 1ª Prenda Dente de Leite da 20ª Região Tradicionalista, um feito que carrega não apenas a marca da dedicação pessoal, mas também a força das raízes que herdou de sua família.
Foi uma alegria e uma realização muito grande de toda dedicação para esse concurso”, recorda Betina. A emoção, conta ela, foi tão intensa que as lágrimas correram sem controle: “Uma emoção de gratidão que escorria nos meus olhos, eu quase não conseguia parar de chorar de tão feliz”, recordou.
No palco, Betina não estava sozinha. Pais, padrinhos, amigos e grande parte do CTG Pompílio Silva dividiram com ela a vitória, vibrando juntos a cada instante. “Todos nós vibramos muito de felicidade”, relembra.
A caminhada da prenda começou cedo. Aos três anos, Betina já participava da invernada do CTG. Dois anos mais tarde, encarou seu primeiro concurso interno, ainda sem saber ler ou escrever. “Minha mãe falava as coisas e eu aprendia ouvindo”, conta. Esse começo simples se transformou em paixão crescente pelo tradicionalismo, que hoje ela honra com orgulho.
Tempos depois, a jovem prenda decidiu participar do concurso regional, o qual exigiu foco e sacrifício. Betina abriu mão de atividades da rotina para se dedicar às provas. “Foi bem intensa, precisei abrir mão de muitas coisas para focar e me dedicar somente para o concurso regional, porém hoje estou realizada vendo que valeu a pena todo esforço”, relata.
As provas, segundo ela, trouxeram dificuldades, especialmente nos relatórios e pesquisas. “Teve algumas mudanças às quais precisamos nos adaptar e ficamos um pouco inseguros frente a algo novo que nos foi colocado”, explica. Mas os obstáculos serviram para fortalecer sua confiança e mostrar que determinação sempre traz frutos.
O amor de Betina pela cultura gaúcha é também herança. Sua família é marcada por nomes que escreveram história no tradicionalismo: bisavô tropeiro e domador, narradores de rodeio, laçadores, guasqueiros, ginetes, patrões de CTG e até uma 1ª prenda adulta, Maria Teresinha Bueno da Silva, que brilhou no CTG Carreteiros dos Pampas. “Tudo isso me inspira e faz com que aumente ainda mais minha paixão pelo tradicionalismo”, afirma.
Apesar da pouca idade, Betina já enxerga sua caminhada como prenda com seriedade e responsabilidade. Ela garante que quer continuar participando dos concursos e representando sua região. “Estou amando desenvolver atividades como prenda dentro do meu município e também na região, essas atividades e trocas de experiências têm me trazido novas amizades e muito conhecimento”, destaca.
Um dos pontos destacados por Betina, é a combinação do tradicionalismo e escola. A jovem busca compartilhar o seu conhecimento tradicionalista com maior número de alunos possíveis. “Durante esta semana de Festejos Farroupilhas estive em diversas escolas, trabalhando inúmeros temas com os alunos”, acrescentou.
Ao olhar para o futuro, Betina diz que pretende seguir honrando a herança de seus antepassados. “Quero dar continuidade naquilo que meus antepassados um dia fizeram com os recursos que eles tinham na época e hoje, como prenda, posso honrar representando a sua história no palco, na dança, na poesia, na música…”, diz. “Estou à disposição para aquilo que a comunidade e a região precisarem de mim e eu puder ajudar. Muito obrigada!”, conclui.