Música, tradição e inclusão no 16º Canto Nativo
Em sua primeira participação, Vênus Castagna, autista, subiu ao palco ao lado do pai e mostrou que a música também é espaço de inclusão
No universo da música nativista, cada apresentação carrega consigo histórias, sentimentos e memórias. No 16º Canto Nativo de Santo Augusto, Giovanni de Andrade Dobler Castagna, de 15 anos, desafiou-se e deu um novo significado a palavra superação. Adotando o nome artístico de Vênus Castagna, o adolescente, autista, encarou o público de um festival de tamanha magnitude pela primeira vez, dividindo a cena com o próprio pai.
A música apresentada, “De Onde Vens”, é de autoria de Carlos Guilherme Dobler Castagna, pai de Vênus, e trouxe à tona não apenas o talento da família, mas também a potência da inclusão. No palco, o jovem empunhou o baixo, seu instrumento de escolha, e surpreendeu pela segurança. “Foi bom e não me senti tão pressionado como em outras vezes que subi em um palco. Talvez por estar tocando somente o baixo e por não ser a primeira vez em um palco, pois já me apresentei em alguns eventos menores de rock”, contou.
Se havia ansiedade antes de entrar, ela não se fez notar na hora da performance. Vênus revelou que durante a apresentação manteve o foco absoluto. “Nada passou pela minha cabeça. Só foquei em tocar o baixo direito”, disse.
Embora nunca tivesse se imaginado em um festival nativista, o adolescente já sonhava em estar em grandes palcos. Seu caminho na música começou em 2022, quando ainda antes de entrar na escola do professor Makoi, passou a ouvir Nirvana e Metallica, descobrindo a paixão pelos sons que mais tarde o levariam à prática musical. Suas maiores inspirações, no entanto, vêm de outra vertente: Gerard Way e Frank Iero, da banda estadunidense My Chemical Romance.
Para além das referências internacionais, Vênus reconhece o apoio incondicional que teve em casa e na escola. “Os meus pais e o professor Makoi foram os que mais me apoiaram nessa caminhada até o festival”, destacou.
No palco, um detalhe chamou atenção – no pescoço, Vênus usava um lenço tradicionalista com um cordão que simbolizava o autismo, um gesto singelo, mas carregado de significado.