Taxação dos EUA pressiona exportadores da Região Celeiro

Chopeiras da Antonow devem escapar da tarifa, mas empresas projetam impacto no consumo e na competitividade

O crescimento das exportações da Região Celeiro para os Estados Unidos em 2025 ocorre em um momento de tensão nas relações comerciais entre os dois países. Mesmo com o aumento de 15,4% em relação ao ano anterior — passando de US$ 18,8 milhões para US$ 21,7 milhões —, a implementação de uma tarifa de 50% sobre centenas de produtos brasileiros acendeu o alerta entre empresas exportadoras do noroeste gaúcho.
O novo decreto assinado pelo presidente Donald Trump, em vigor a partir de 6 de agosto, visa sobretaxar itens industrializados e de maior valor agregado. A medida isenta parte da pauta exportadora brasileira, como petróleo, fertilizantes, celulose e suco de laranja, mas afeta diretamente setores como alimentos processados e metalmecânico — especialidades de diversas indústrias da região.
A Antonow, empresa com sede em Santo Augusto, exporta fogões a lenha, calefatores, churrasqueiras, panelas elétricas e chopeiras para América Latina, América Central, Japão e Estados Unidos. Segundo Cristian Kempf, diretor de marketing da companhia, o produto enviado ao mercado norte-americano é exclusivo. Isso confere certa proteção, mas o custo extra previsto pela tarifa poderia comprometer o alcance do produto entre consumidores de menor poder aquisitivo.
“A gente vai ter que repassar o custo. O produto se torna menos competitivo, com ticket mais alto, sem ganho de margem. Isso tira acesso de uma parte do público que antes conseguia comprar, especialmente por causa da vantagem cambial”, explica Kempf.
A notícia positiva é que a principal linha exportada pela empresa — as chopeiras — deve figurar entre os produtos isentos da nova tarifa. A confirmação traz alívio para a Antonow, que deve manter os embarques com estabilidade no curto prazo.
No ranking regional, Miraguaí liderou as exportações com US$ 9,6 milhões, seguido por Crissiumal (US$ 6,5 milhões) e Santo Augusto (US$ 3,6 milhões). Três Passos teve retração, enquanto Tenente Portela e Chiapetta não registraram exportações em 2025.
Mesmo com o desempenho positivo, o clima é de cautela. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que o impacto das tarifas pode retirar até R$ 1,9 bilhão do PIB do Rio Grande do Sul. O governo brasileiro busca diálogo com Washington, mas ainda não há avanços significativos nas negociações. Enquanto isso, as empresas da Região Celeiro ajustam estratégias para lidar com os efeitos de um cenário global cada vez mais protecionista.

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