Pino, do Os Atuais, fala sobre sua despedida dos palcos

Em entrevista exclusiva ao Jornal O Celeiro, Pino abre o coração sobre carreira, despedida e o legado de Os Atuais

A carreira de um dos maiores ícones da música de bandas do Sul do Brasil parece ter chegado ao fim. A voz que embalou gerações com sucessos como Barco do Amor, Rio Azul e Rosto Desmaquiado está oficialmente aposentada dos grandes palcos. Acilino da Silva, carinhosamente conhecido como Pino, anunciou sua despedida definitiva da vida artística, mas não antes de deixar a sua marca de lealdade à banda que o consagrou.
Após mais de cinco décadas dedicadas à música, já afastado da rotina de apresentações, ele retornou aos palcos por um breve período para substituir o colega Paulinho Dill, vítima de um grave acidente.
Em entrevista exclusiva ao jornal O Celeiro, ele relembra momentos marcantes da carreira, fala sobre os desafios da estrada, as transformações da música ao longo dos anos e deixa uma mensagem emocionante aos fãs que o acompanharam por toda uma vida.
Confira a entrevista:
JC: Foram muitos anos nos palcos e nas estradas com Os Atuais. Qual o momento mais marcante da tua carreira que até hoje te emociona ao lembrar?
Pino: “O momento mais marcante pra mim foi quando, em 1983, ganhamos o primeiro disco de ouro. Na época, nenhuma banda gaúcha tinha conquistado isso. Era, naquele tempo, o maior troféu que um artista podia receber”.
JC: O que te levou a decidir pela aposentadoria? Foi difícil tomar essa decisão?
Pino: “O que me levou à aposentadoria foi a idade. Infelizmente o tempo passa, e nós passamos com ele. A banda viaja muito e isso estava ficando complicado para mim. Foi difícil tomar essa decisão, porque foram 55 anos de Os Atuais, então isso pesa muito. Mas era preciso”.
JC: Você havia anunciado a aposentadoria, mas precisou retornar aos palcos para substituir o Paulinho Dill após o acidente. Como foi esse momento para você — voltar à ativa, reencontrar o público, e depois, pela segunda vez, se despedir?
Pino: “O meu retorno, após o acidente do Paulinho, foi algo inevitável. Eu era o único que poderia substituí-lo naquele momento. E eu não poderia deixar a banda na mão num momento tão difícil. Mas me senti muito bem em poder reencontrar o público”.
JC: Como está sendo a vida longe dos palcos? O que mudou na tua rotina desde que se aposentou?
Pino: “No começo foi um pouco difícil, claro. Mas chegou o momento de dar mais atenção à minha família. Sou casado há 47 anos e, desses, praticamente 20 anos eu não vivi de verdade com minha família por causa da estrada. Agora estou feliz, curtindo essa nova fase da vida”.
JC: Existe alguma música da tua trajetória com Os Atuais que tem um significado especial pra ti? Por quê?
Pino: “A música que mais marcou minha vida, com certeza, foi Barco do Amor. Foi a música que eu cantei e que se tornou o maior sucesso dos Atuais”.
JC: Durante todos esses anos de estrada, o que mais mudou no cenário da música de bandinha? E o que, na tua opinião, nunca deveria mudar?
Pino: “Acho que cada banda acabou criando seu próprio estilo. Nós, que criamos esse estilo mais romântico, continuamos um pouco diferentes, mas cada banda tem sua característica. O que nunca poderia mudar é o estilo próprio de banda. Não devemos ir para o lado sertanejo ou outros estilos. Temos que valorizar a nossa identidade”.
JC: Por fim, que mensagem você gostaria de deixar para os fãs que te acompanharam por tantos anos e continuam te admirando?
Pino: “A mensagem que deixo é só de agradecimento. Pelo carinho que sempre recebi por onde passei cantando. O que sinto pelos fãs… metade é amor e a outra metade também. Porque metade de mim é plateia, e a outra metade é canção”.

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